quinta-feira, 21 de março de 2013

O Lotus 98T

Nenhum outro carro seria merecedor de ser citado nesta sessão que não fosse aquele que é considerado por muitos um dos mais belos carros que já desfilaram nos circuitos da fórmula 1, o Lotus 98T, equipado com motor Renault Turbo pilotado pelo mito Ayrton Senna na temporada de 1986.

O Lotus 98T pilotado por Ayrton Senna na temporada de 1986
Ayrton Senna pilotando o Lotus 98T

Talvez muitos se perguntem por que todo frisson em torno desse veículo; além de ter sido o carro de fórmula um mais potente de todos os tempos (cerca de 1.000 Hps) a resposta poderia ser simplesmente traduzida em números. Com esse exemplar o Ayrton conseguiu a impressionante marca de 8 pole positions (GPs do Brasil, Espanha, San Marino, Leste dos EUA, França Hungria, Portugal e México respectivamente), 1 segunda posição de largada (GP do Canadá), 4 terceiras posições de largada (GPs de Mônaco, Inglaterra, Alemanha e Austrália respectivamente), 2 vitórias (Gps da Espanha e Leste dos EUA), 4 segundas posições de chegada (GPs de Mônaco, Bélgica, Alemanha e Hungria respectivamente) e 1 terceira posição de chegada (GP do México), terminando o campeonato de pilotos na honrosa quarta colocação, ficando atrás somente do improvável campeão Alain Prost que guiava a McLaren e dos dois “melhores amigos” Nigel Mansell e Nelson Piquet, ambos pilotos da excelente Williams e levando a equipe à terceira colocação no mundial de construtores, atrás somente das mesmas McLaren e Williams. Por esses e outros feitos esse belo monoposto é digno de todo o nosso respeito bem como toda nossa admiração.

A história

A Lotus 98T foi desenvolvida a partir da Lotus 97T que disputara o campeonato de 1985. Dos quatro chassis construídos, três deles foram assinados por Ayrton Senna, então piloto da Lotus, que vinha em sua segunda temporada na equipe, e pelo seu companheiro de equipe Johnny Dumfries, contratado após a polêmica da recusa de Ayrton a ter como companheiro de equipe Warwick.
Desenhado por Gérard Ducarouge o chassi apresentava um cockpit menor que o carro do ano anterior, o Lotus 97T, isso se devia a uma mudança no regulamento desportivo que forçava a redução da capacidade do tanque de combustível para 195 litros. O propulsor era um novo motor Renault EF15bis Turbo, 6 cilindros em V, associado a uma transmissão Hewland manual de 5 ou seis velocidades.

Potente propulsor Renault EF15bis turbo de 6 cilindros
O EF1bis aparecia em duas versões, o motor padrão e o motor “D.P.” que apresentava molas nas válvulas pneumáticas pela primeira vez. Ao final da temporada a Renault introduziu o EF15C revisado com um sistema mais apurado de injeção de combustível e com uma maior refrigeração dos cilindros retardando a pré-detonação do combustível, tornando dessa forma o carro mais econômico. É importante deixar claro que figuras poderosas desse período da história da Fórmula 1 eram largamente especulativas e a maioria dos construtores de motores daquela época raramente admitiam que os resultados dos seus testes comprovaram que o motor 1.5 L não geraria taxas de potência suficientes para utilizar turbo compressores a uma pressão acima de 4 bar para impulsioná-los, no entanto era largamente divulgado que o motor Renault EF15 produzia uma potência entre 1.200 Hp (890 KW) e 1.300 Hp (970 KW) a incríveis 5.5 bar de pressão de impulsão, mas esse continua sendo um dos segredos mais bem guardados do circo da fórmula 1 até hoje.
A caixa de marchas vinha em duas variações; a convencional de cinco velocidades e a nova de seis velocidades. As seis velocidades foi um grande avanço na caixa de marchas, porém o equipamento não era muito confiável, provavelmente por isso Senna sempre optava por correr com a caixa de cinco velocidades. Dumfries fora então incumbido de testar a caixa de seis velocidades, sem obter grande sucesso na seara da confiabilidade. Os componentes internos de ambas as caixas de marchas eram manufaturados pela Hewland, porém a caixa em si era desenhada e fabricada pela própria Lotus.
Outra notável inovação do 98T incluía um ajuste de altura em dois estágios, injeção de água através dos intercoolers, uma forma inaugural de acesso ao cockpit, também presente no 97T e um avançado micro computador que administrava o consumo de combustível.

Sistema de intercoolers para injeção de água

Durante a temporada de 1986 da Fórmula Um, o paddock estava muito ávido por especulações a respeito da legalidade ou não do novo Lotus 98T. O crescimento dos rumores recaíam cada vez mais sobre Peter Warr, o então diretor executivo da Lotus, que por sua vez emitiu uma declaração oficial a imprensa com o intuito de estancar os rumores e pedindo inclusive as outras equipes que protestassem oficialmente contra o veículo, caso estas realmente tivessem alguma desconfiança sobre a legalidade do projeto, porém nenhum protesto fora apresentado.

Ficha técnica da Lotus 98T, 1986 pilotada por Ayrton Senna e Johnny Dumfries:
Desenhistas: Gérard Ducarouge e Martin Ogilvie;
Chassi: Fibra de carbono, monocoque em Kevlar com anteparos de alumínio;
Suspensão dianteira e traseira: haste de tração, amortecedores Koni;
Freios: Discos de Carbono Caixa de marchas: Hewland/Lotus, cinco ou seis velocidades, manual; Convergência dianteira: 1816 mm;
Convergência traseira: 1620 mm;
Comprimento total: 4800 mm;
Peso: 540 Kg;
Capacidade do tanque de combustível: 195 L; ]
Cabeçote e Bloco de alumínio, 6 cilindros em V;
Cambota de aço com 3 pinos;
Vareta com aço;
Pistões de liga leve;
Sistema de fechamento da válvula: distribuição pneumática;
Capacidade cúbica total: 1492 cc;
Número de cilindros: 6 a 90 graus;
Quatro válvulas por cilindro, DOHC, injeção eletrônica de combustível;
Taxa de compressão: 8.0:1 motor EF1 5C (7.0:1 para classificação, motor EF1 5B), 21.5 graus incluindo o ângulo da válvula;
Válvula de vazão: 29.8mm;
Válvula de exaustão: 26.1mm;
Turbo: Garrett (2), sem válvula de descarga para motores de qualificação;
RPM máximo: 13.000;
Peso do motor: 154 Kg com os turbos;
Sistema renix de gerenciamento do motor Potência em corrida: entre 3.7 e 4 bar, aproximadamente 900 hp;
Potência em qualificação: máximo de 5.2 bar ao final da sessão com o motor de qualificação EF1 5B, aproximadamente 1.200 hp;
Velocidade Máxima: 340 km/h.


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