terça-feira, 9 de abril de 2013

Pilotos Brasileiros na F-1 - Roberto Pupo Moreno

Roberto Pupo Moreno (Rio de Janeiro11 de Fevereiro de 1959) é um piloto brasileiro de corridas, considerado um automobilista de renome internacional, sendo chamado pelos norte-americanos de SuperSub.


Roberto Pupo Moreno

Início da carreira
Começou no kart em 1974, com 15 anos de idade, sendo campeão brasiliense nesta mesma temporada. Nascido numa família de classe média, financiou os primeiros anos de sua carreira trabalhando como preparador de motores para muitos de seus adversários nas pistas. Em 1976, conquistou o campeonato brasileiro na categoria 125cc, meses antes de sofrer um grave acidente de motocicleta que roubaria praticamente dois anos de sua carreira.

Em 1979, com orçamento extremamente limitado, comprou um carro e fez corridas esporádicas de Fórmula Ford por toda Grã-Bretanha, terminando o campeonato P&O na 6ª posição, com duas vitórias e sendo considerado a revelação do ano. Fez ainda uma prova pela Fórmula Ford 2000, terminando na segunda colocação e quebrando o recorde da pista de Mallory. Retornou no ano seguinte como piloto oficial da Van Diemen sagrando-se campeão do prestigiado campeonato Townsend-Thoresen, bem como do festival mundial da categoria, correndo contra quase 200 pilotos. Além disso, foi vice-campeão do campeonato europeu, apesar de não ter participado de uma das provas, que coincidira com uma corrida do campeonato britânico.
A partir de 1981, Roberto começa a revelar enorme persistência, quando aumentam as dificuldades para financiar o prosseguimento de sua carreira. Neste ano assina um contrato de gaveta para ser piloto de testes do legendário Team Lotus, como forma de poder correr na F-3. Estréia apenas na sétima corrida do ano pela equipe Barron, que a rigor só dispunha de um mecânico, e se mostra imediatamente competitivo. Vence a 4ª corrida na qual toma parte, em Silverstone, à frente de 34 pilotos, numa etapa válida tanto para o campeonato britânico quanto para o europeu. Ao fim do mesmo ano é convidado a participar do 46º GP da Austrália, juntamente com os dois últimos campeões mundiais de F1 - Nelson Piquet e Alain Jones -, na pista de Calder Park. Com carros de Fórmula Pacific padronizados, Moreno conquista a pole position, faz a melhor volta e vence a corrida com uma volta de vantagem sobre Nelson Piquet, o segundo. Volta à Austrália nos três anos seguintes, subindo ao degrau mais alto do pódio em 1983 e 1984.
Em 1982, é chamado às pressas para substituir o inglês Nigel Mansell no Grande Prêmio da Holanda, ao volante do Lotus 91, um carro que só havia pilotado em testes de linha reta em Snetterton, e depois por algumas voltas demonstrativas em Jacarepaguá. Sem experiência com carros-asa e sem o condicionamento físico necessário para levar o carro ao seu limite, de modo muito específico na longa curva ao final da pista de Zandvoort, não consegue classificação para a corrida. No restante da pista obtinha tempos tão rápidos quanto os de Elio de Angelis, deixando surpreso o próprio italiano. Apesar das ressalvas, o episódio atrasou o andamento de sua carreira em ao menos cinco anos. Ao fim de 1982, Moreno ainda vence o prestigiado GP de Macau, no seletivo circuito da Guia, na última vez em que a corrida foi disputada com carros da F-Pacific.
Em 1983, disputa o campeonato de F-Atlantic na América do Norte, com excelentes resultados. Vence quatro das oito corridas que disputa, perdendo o campeonato para Michael Andretti somente por culpa de duas falhas mecânicas e por não ter participado de uma das corridas. Volta à Europa para disputar a F-2 em 1984. Termina o ano como vice-campeão, e também disputa as 24 de Le Mans nesta mesma temporada. No ano seguinte é convidado a pilotar nos circuitos mistos e de rua pela equipe Galles da F-Indy, com resultados surpreendentes, sendo contratado para fazer a temporada de 1986 completa. A troca pelo chassi Lola, no entanto, se mostra negativa em termos de competitividade, e ao fim do ano Roberto decide trocar uma carreira segura nos EUA pela busca do velho sonho da Fórmula 1.
Em 1987, corre na Fórmula 3000 Internacional, terminando o ano como terceiro colocado. Ao fim do ano é contratado pela equipe AGS para fazer as duas últimas provas do calendário da F1. Em treinos que duraram até a noite na pista de Paul Ricard, consegue melhorar o desempenho do carro em cerca de 3 segundos, obtendo classificação para a largada em Suzuka. Na Austrália, onde sempre obteve resultados excelentes, terminou em 6º lugar marcando o seu primeiro ponto (em função da desclassificação do carro de Ayrton Senna) e também o primeiro da equipe francesa na categoria. Graças a este resultado, a equipe passava a ter todos os custos de transporte custeados pela FOCA, economizando cerca de 400 mil dólares.

Roberto Pupo Moreno correndo pela equipe AGS em 1987

Apesar do excelente desempenho, o principal patrocinador da equipe exige a contratação de um piloto francês, Philippe Streiff, levando Roberto a fazer mais uma temporada na F-3000. Recebendo a notícia já às vésperas do início da temporada, o piloto se vê obrigado a montar a própria equipe. Correndo somente com o apoio do engenheiro Gary Anderson, e garantindo a próxima corrida com o prêmio recebido pela anterior, Moreno conquista um título consagrador, o primeiro de um piloto brasileiro na 3000. Ao longo da campanha quebra diversos recordes da categoria, e é convidado pela Ferrari a ser piloto de testes. Durante 55 dias desenvolve o câmbio semi-automático, de acionamento no volante, que terminaria por vencer em sua primeira aparição, pelas mãos de Nigel Mansell, no GP do Brasil do ano seguinte.
Em 1989, defende a Coloni na F1, dona do carro mais pesado de todo o grid, obtendo a classificação em quatro oportunidades. Para 1990 assina com a EuroBrun, fazendo uma excelente prova em Phoenix na etapa inicial da temporada. A partir de então passa a ser sistematicamente boicotado pela própria equipe, que não desejava investir no carro os valores recebidos pelos investidores. A história vem à tona após o GP da Espanha, dias antes do italiano Alessandro Nannini vir a sofrer um acidente de helicóptero que colocaria fim à sua carreira na F1.

Roberto Pupo Moreno defendendo a Coloni no GP de Mônaco de 1989
E a Eurobrun no GP dos Estados Unidos em 1990

Graças ao bom trabalho realizado na Ferrari, Moreno se torna a opção favorita do inglês John Barnard para o lugar de Nannini na equipe Benetton. A corrida de estreia no novo time termina da melhor forma possível, com uma dobradinha liderada por seu amigo de infância, o tricampeão mundial Nelson Piquet. Foi a última dobradinha de pilotos brasileiros na F1 até os dias atuais.

Pódio do GP do Japão de 1990 com dobradinha brasileiro Piquet e Moreno

O resultado vale a Moreno a contratação para 1991, mas a utilização dos pneus Pirelli e a saída de Barnard a meio do ano reduzem a competitividade do conjunto, além de tornarem o ambiente sensivelmente mais instável. Após terminar na 4ª colocação o GP da Bélgica, com direito a marcar a volta mais rápida da corrida (a única da carreira), Roberto recebe um comunicado de demissão por parte da Benetton. Por pressão e uma quantia vultosa de dinheiro por parte da Mercedes, seu lugar seria agora cedido ao jovem e talentoso alemão Michael Schumacher, vindo da Jordan. Como solução, Moreno guiaria nas duas corridas seguintes para a equipe de Eddie Jordan. Na Itália, o brasileiro se classifica cinco posições e oito décimos à frente do piloto da casa, Andrea de Cesaris, que guiava o Jordan desde o início da temporada. No início da corrida Moreno se posiciona bem, até sair da pista quando teve os freios travados antes de fazer o contorno da Variant Ascari; o piloto do carro verde número 32 abandona a prova lá antes de completar a primeira volta. No GP de Portugal, Moreno termina em 10º, mas ele não torna a aparecer até ser convidado pela equipe Minardi para disputar a última corrida do ano, o chuvoso GP da Austrália, em Adelaide. Moreno correria no lugar do italiano Gianni Morbidelli, chamado a substituir o francês Alain Prost, demitido pela Ferrari.
Em 1992, Roberto assina com a equipe Andrea Moda, que surgira da compra da Coloni. O carro jamais chega a ficar verdadeiramente pronto, mas ainda assim o piloto conseguiu um dos maiores milagres de sua carreira ao classificá-lo na posição para o GP de Mônaco, mesmo enfrentando graves problemas durante a sessão oficial que o impediriam de dar uma segunda volta rápida. Em 1993, defende a Alfa Romeo em campeonatos de Turismo, enquanto se recuperava fisicamente de uma cirurgia. Retornaria à Fórmula 1 em 1995 para fazer dupla com o compatriota Pedro Paulo Diniz na equipe Forti Corse.

Roberto Pupo Moreno com a Andrea Moda em Mônaco 92

Atualmente, o piloto é convidado a dar palestras em todos os cantos do mundo. Além disso, ajuda a orientar a carreira de jovens pilotos, como o brasiliense Lucas Foresti. Moreno, apesar de ser carioca de nascimento, foi criado desde os onze anos em Brasília.




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